quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Barquinho tradicional


            Os barquinhos de papel sempre estiveram presentes na minha infância. Apesar disto, durante aquele período da minha vida nunca dobrei nenhum. Havia uma moça que trabalhava na minha casa cuidando de mim e de minha irmã. Dobrava coisas simples para que nós nos distraíssemos.Lembro-me bem de dias chuvosos em que não dava para brincar na rua ou no terreiro.Então ela fazia um monte de barquinhos. Depois que a chuva parava, íamos para o passeio da rua soltar os barcos na  enxurrada . Eu achava o máximo ver os barquinhos descerem desorientados pelas águas  caudalosas e depois sumirem na esquina.Pedi a ela para me ensinar, mas eu era bem pequena e minha coordenação motora pouco dersenvolvida. Começava  e parava  na metade. Depois ele que era terminado pela babá.
             Anos depois já na primeira série o barquinho reapareceu para minha alegria e tristeza.  Pedia a todos que sabiam para me ensinar. Do barquinho, o pessoal fazia um chapéu.Quem sabia não ensinava.Saber algo que os outros nem sonhavam como começar era uma forma de se sobressair e destacar na turma.Ninguém na minha família dobrava nada.Fiquei mesmo a ver navios e sem chapéu.Esqueci das dobras por muito tempo. Origami não era um ensinamento muito difundido naquela época.
                 Há uns seis anos atrás, o mundo das dobras deu seu sinal existencial para mim.Uma reportagem rápida sobre a arte na televisão.A apresentadora pediu para os telespectadores pegarem um quadrado de papel, pois a instrutora ensinaria uma borboleta.Peguei o papel. Fiz as duas primeiras dobras.A mulher terminou a dobra tão rapidamente que eu me assustei. Peguei o telefone da dona. Liguei interminavelmente para o número e nada.Só sei que aquela borboletinha despertou em mim uma vontade louca de aprender de qualquer forma.O universo conspirou ao meu favor, pois num jornalzinho infantil vi o diagrama do tsuru.Segui aquele diagrama e persisti até conseguir abrir as asas do bicho.Senti uma sensação maravilhosa de realização e conquista ao ver meu primeiro tsuru.Entendo que a arte tem esta função na vida das pessoas.Dobro com o objetivo da construção de um ser humano melhor. Ensino aos meus alunos algumas dobras e entrego alguns diagramas para eles.Sempre vejo o brilho no olhar deles, quando terminam. O resultado é fabuloso.
               Hoje sempre vejo nas mãos dos meninos barquinhos. Apesar de saber que ela era simples, não ousava experimentá-la.Tinha um sentimento de amargura e de dever não cumprido ao vê-la. Resolvi romper essa barreira e registro hoje meu primeiro barquinho.Bem amarelinho vibrante em águas movimentadas! Terminá-lo expõe minha alegria e agradecimento a Deus pelo resgate de boas lembranças.






5 comentários:

  1. Deinha, beleza?
    O texto ficou bem bacana. Mas para considerar a tarefa terminada, só faltou colocar o link no final do texto.
    Fico esperando você fazer a alteração, ok?

    abraço

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